HISTÓRIA
O Rock Progressivo no Brasil começou mais tarde do que na Inglaterra ou na Itália (por exemplo), exatamente porque a influência veio desses países, e obviamente demorou um pouco para chegar em terras Tupiniquins em um tempo onde a informação, literalmente, vinha de barco!
Além disso, a influência que as bandas Brasileiras tinham no início dos anos 70 (assim como em muitos outros países) era completamente diferente de seus pares Europeus. O Prog Brasileiro vem, na maiorias das vezes, pintado com cores acústicas e muitas vezes com uma influência enorme da música Brasileira mais tradicional e regional.
As primeiras bandas brasileiras do gênero começaram a gravar em torno de 1971 e o pico do gênero no país ocorreu entre 1974 e 1975 quando várias bandas lançaram seus melhores discos.
A maioria dos artistas Prog do país, em semelhança com o Prog italiano, não conseguiu carreiras longas e de sucesso, esse reconhecimento geralmente veio décadas depois com a ajuda da internet. Muitas vezes, as bandas lançaram um ou dois discos e se dissolveram logo depois, geralmente por desentendimentos com as suas gravadoras.
Os anos 70 foram sem dúvida o ápice do gênero no país com diversos lançamentos. Ao longo dos anos 80 poucos álbuns de boa qualidade podem ser encontrados, na verdade, no geral, poucos foram os lançamentos Progressivos nessa época. O tão popular estilo europeu chamado de Neo Prog não pegou por aqui. Os anos 80 foram mesmo completamente tomadas pelo Rock Popular que se casou chamar de “BRock”. Somente em meados da década de 90, as bandas começaram a florescer novamente no país. Essas bandas foram especialmente influenciadas pelo retorno do Pink Floyd em 1994 e também pelas bandas de Metal Progressivo.
O Módulo 1000 foi uma banda formada em 1969 no Rio de Janeiro. Este foi o primeiro disco de Heavy Psych lançado no Brasil e a influência do Rock Progressivo pode ser sentida em diversos momentos. Embora o álbum ainda estivesse embebido em cores Psicodélicas, eles foram muito além da simples “loucura de drogado” do Rock Psicodélico tradicional.
O álbum Não Fale Com Paredes foi lançado pela gravadora Top Tape (mais conhecida por distribuir filmes) e diversas vezes aparece em listas de colecionadores hardcore porque é um ítem muito raro.
Na época, o disco não foi bem recebido por público e crítica, que simplesmente não entendia o que a banda estava fazendo naquele momento, os caras estavam anos luz de tudo o que acontecia no Rock Brasileiro daquele início dos anos 70 e o simples fato da banda ter gravado o disco já é um milagre por si só.
O Módulo 1000 teve uma curta existência e, ainda em 1972, mudou o nome para Love Machine e lançou um single (desta vez em inglês), se dissolvendo logo depois disso.
Em 2013, a banda foi reformada e eles estavam preparando um novo disco (até um single foi lançado no Youtube). Mas depois de todos esses anos o plano do disco novo ainda não saiu do papel, apesar da página oficial da banda no Facebook ser atualizada de vez em quando.
O Som Imaginário nasceu para ser o grupo de apoio de Milton Nascimento em 1970. Após a turnê, a banda continuou e começou a gravar seus próprios álbuns.
Os dois primeiros discos (1970 e 1971) tinham um direcionamento mais psicodélico/popular com Zé Rodrix como principal compositor.
Foi apenas em 1973, quando o maestro Wagner Tiso começou a liderar a banda que eles se tornaram, de fato, uma banda Progressiva. E a coroação dessa nova fase foi a obra-prima Matança Do Porco, lançado pela poderosa (na época) gravadora Odeon.
Depois deste clássico o grupo seguiu sendo banda de apoio e chegou a gravar diversos discos de cantores populares, mas como banda autoral, nunca lançou outro disco, infelizmente.
Em 2012, a banda se reuniu em uma série de shows pelo Brasil mas encerrou suas atividades novamente depois disso.
SOM NOSSO DE CADA DIA
1974 | Snegs | DOWNLOAD
Muitas vezes chamado de “O ELP Brasileiro” (devido à formação similar sem guitarra), o Som Nosso De Cada Dia foi formado em 1972 em São Paulo e tinha em dua formação Manito (teclados, violino e saxofones), que já era uma lenda no Rock Brasileiro tendo sido membro d’Os Incríveis.
Após 2 anos de reclusão e ensaios, a banda conseguiu um contrato com a Continental e gravou o seu primeiro e clássico álbum Snegs.
A banda fez muitos shows na época do lançamento do disco, entre 1974 e 1975, incluindo a abertura dos shows do Alice Cooper no Brasil.
Naquela época, devido ao sucesso de seus shows, a gravadora queria que a banda abrisse o seu leque sonoro e vendesse mais discos. Em 1975 a Black Music e a Disco Music começavam a se tornar mais e mais populares no Brasil e a Continental estava apostando nesse som. A banda lutou contra essa ideia, mas eles estavam sob contrato e depois de muita discussão e pressão, acabaram cedendo.
Ainda em 1975 o grupo estava trabalhando em uma suíte de 20 minutos chamada “Amazônia” e muitas músicas novas (Progressivas) foram tocadas em seus shows na mesma época (como mostra o disco ao vivo A Procura Da Essência, lançado em 2004 com faixas gravadas entre 1975 e 1976). No fim, toda a discussão com a gravadora desgastou o grupo e o material Prog que vinha sendo apresentado ao vivo seria descartado, por essas e por toda a pressão pra ser um sucesso comercial fizeram Manito deixas a banda no final de 1975.
Somente em 1977 saia o segundo disco do grupo, chamado apenas Som Nosso. Esse disco foi dividido em duas partes: o lado A chamado Sábado, com um som calcado na Black Music e dançante, e o lado B chamado Domingo, voltado para o Rock Progressivo mas sem a profundidade que o estilo pede. Não preciso dizer que Som Nosso não foi bem recebido pelos fãs do Snegs e falhou em conquistar um grande número de fãs novos.
Após o fracasso comercial do segundo disco a banda se desfez e seus membros seguiram seus próprios caminhos (o baixista Pedro Baldanza gravou com diversos artistas populares, incluindo Ney Matogrosso), no entanto houve um retorno em 1993 quando Snegs foi lançado em CD pela primeira vez e até um disco ao vivo foi lançado em 1994.
No final o que fica na história do Prog BR é mesmo Snegs e sua genialidade, sendo um clássico absoluto em se tratando de Prog no Brasil. Disco essencial!
1974 | Snegs | DOWNLOAD
Muitas vezes chamado de “O ELP Brasileiro” (devido à formação similar sem guitarra), o Som Nosso De Cada Dia foi formado em 1972 em São Paulo e tinha em dua formação Manito (teclados, violino e saxofones), que já era uma lenda no Rock Brasileiro tendo sido membro d’Os Incríveis.
Após 2 anos de reclusão e ensaios, a banda conseguiu um contrato com a Continental e gravou o seu primeiro e clássico álbum Snegs.
A banda fez muitos shows na época do lançamento do disco, entre 1974 e 1975, incluindo a abertura dos shows do Alice Cooper no Brasil.
Naquela época, devido ao sucesso de seus shows, a gravadora queria que a banda abrisse o seu leque sonoro e vendesse mais discos. Em 1975 a Black Music e a Disco Music começavam a se tornar mais e mais populares no Brasil e a Continental estava apostando nesse som. A banda lutou contra essa ideia, mas eles estavam sob contrato e depois de muita discussão e pressão, acabaram cedendo.
Ainda em 1975 o grupo estava trabalhando em uma suíte de 20 minutos chamada “Amazônia” e muitas músicas novas (Progressivas) foram tocadas em seus shows na mesma época (como mostra o disco ao vivo A Procura Da Essência, lançado em 2004 com faixas gravadas entre 1975 e 1976). No fim, toda a discussão com a gravadora desgastou o grupo e o material Prog que vinha sendo apresentado ao vivo seria descartado, por essas e por toda a pressão pra ser um sucesso comercial fizeram Manito deixas a banda no final de 1975.
Somente em 1977 saia o segundo disco do grupo, chamado apenas Som Nosso. Esse disco foi dividido em duas partes: o lado A chamado Sábado, com um som calcado na Black Music e dançante, e o lado B chamado Domingo, voltado para o Rock Progressivo mas sem a profundidade que o estilo pede. Não preciso dizer que Som Nosso não foi bem recebido pelos fãs do Snegs e falhou em conquistar um grande número de fãs novos.
Após o fracasso comercial do segundo disco a banda se desfez e seus membros seguiram seus próprios caminhos (o baixista Pedro Baldanza gravou com diversos artistas populares, incluindo Ney Matogrosso), no entanto houve um retorno em 1993 quando Snegs foi lançado em CD pela primeira vez e até um disco ao vivo foi lançado em 1994.
No final o que fica na história do Prog BR é mesmo Snegs e sua genialidade, sendo um clássico absoluto em se tratando de Prog no Brasil. Disco essencial!
BACAMARTE
1983 | Depois do Fim | DOWNLOAD
O Bacamarte foi uma banda formada no final dos anos 70 e que lançou seu único álbum em 1983, numa época em que o Rock Progressivo era não apenas ignorado, mas também desprezado.
Talvez a coisa mais surpreendente sobre Depois Do Fim seja o fato de que o som Neo Prog, tão em voga na época, não está presente por aqui, pelo contrário, o som do Bacamarte ainda estava completamente imerso nos anos 70 e a gravação é cheia de vida sem nenhuma ‘modernidade’ comum à época. Também pudera, o disco na verdade foi gravado em 1978, mas devido à enorme popularidade da Disco Music na época, o líder da banda, Mario Neto, decidiu guardar as fitas e esquecer todo o lance do Rock Progressivo, já que não valia a pena lutar contra a maré em um país como o Brasil.
No entanto, fomos salvos por um amigo de Mario por volta de 1982. Esse amigo ouviu as fitas e convenceu Mario a fazer algo com aquelas gravações de 1978 e ele acabou por aceitar a ideia e o disco foi lançado no ano seguinte, em 1983.
Como a banda que gravou o disco não mais existia, o projeto foi posto de lado, pelo menos até 1999, quando o álbum Sete Cidades foi lançado, embora este álbum seja um trabalho solo de Mario Neto ele trazia o nome Bacamarte na capa do disco, provavelmente pra chamar uma maior atenção, já que apenas Mario Neto da formação original toca no disco.
Desde seu lançamento Depois Do Fim foi elevado à um status mítico, inclusive internacionalmente, e sites como Rate Your Music e ProgArchives tem o disco no top 100 dos discos Progressivos mundiais.
Em setembro de 2012 a banda foi finalmente reunida para um único show que ficou marcado como um ato histórico do Prog Brasileiro.
1983 | Depois do Fim | DOWNLOAD
O Bacamarte foi uma banda formada no final dos anos 70 e que lançou seu único álbum em 1983, numa época em que o Rock Progressivo era não apenas ignorado, mas também desprezado.
Talvez a coisa mais surpreendente sobre Depois Do Fim seja o fato de que o som Neo Prog, tão em voga na época, não está presente por aqui, pelo contrário, o som do Bacamarte ainda estava completamente imerso nos anos 70 e a gravação é cheia de vida sem nenhuma ‘modernidade’ comum à época. Também pudera, o disco na verdade foi gravado em 1978, mas devido à enorme popularidade da Disco Music na época, o líder da banda, Mario Neto, decidiu guardar as fitas e esquecer todo o lance do Rock Progressivo, já que não valia a pena lutar contra a maré em um país como o Brasil.
No entanto, fomos salvos por um amigo de Mario por volta de 1982. Esse amigo ouviu as fitas e convenceu Mario a fazer algo com aquelas gravações de 1978 e ele acabou por aceitar a ideia e o disco foi lançado no ano seguinte, em 1983.
Como a banda que gravou o disco não mais existia, o projeto foi posto de lado, pelo menos até 1999, quando o álbum Sete Cidades foi lançado, embora este álbum seja um trabalho solo de Mario Neto ele trazia o nome Bacamarte na capa do disco, provavelmente pra chamar uma maior atenção, já que apenas Mario Neto da formação original toca no disco.
Desde seu lançamento Depois Do Fim foi elevado à um status mítico, inclusive internacionalmente, e sites como Rate Your Music e ProgArchives tem o disco no top 100 dos discos Progressivos mundiais.
Em setembro de 2012 a banda foi finalmente reunida para um único show que ficou marcado como um ato histórico do Prog Brasileiro.
CÁLIX
2000 | Canções De Beurin | DOWNLOAD
Dando um pulo de quase duas década desde Depois Do Fim chegamos a um trabalho independente lendário em terras Brasileiras. Vindo de Minas Gerais o Cálix mostrou toda a natureza folclórica mineira em um disco que beira a perfeição.
O primeiro álbum da banda, Canções De Beurin, é uma mistura sensacional do Rock Progressivo Sinfônico mais tradicional e o Folk Progressivo. Tudo isso regado com o já famoso misticismo Mineiro. O disco foi um verdadeiro sucesso e vendeu 3 mil cópias em 5 meses, sendo que logo depois mais 5 mil cópias foram prensadas e todas vendidas no decorrer do próximo ano, um recorde absoluto para uma banda de Rock Progressivo Independente. Cerca de 10 mil cópias do disco foram vendidas até hoje.
O Cálix ainda gravou um novo álbum 2 anos depois chamado A Roda [2002] e um CD/DVD ao vivo em 2007 e acabou ficando em hiato (pelo menos em termos de disco novo) por 9 anos e só em 2016 saiu o terceiro trabalho de estúdio do grupo mineiro chamado Caminhante.
A banda é uma das mais ativas de sua geração e faz shows frequentemente pelo Brasil.
2000 | Canções De Beurin | DOWNLOAD
Dando um pulo de quase duas década desde Depois Do Fim chegamos a um trabalho independente lendário em terras Brasileiras. Vindo de Minas Gerais o Cálix mostrou toda a natureza folclórica mineira em um disco que beira a perfeição.
O primeiro álbum da banda, Canções De Beurin, é uma mistura sensacional do Rock Progressivo Sinfônico mais tradicional e o Folk Progressivo. Tudo isso regado com o já famoso misticismo Mineiro. O disco foi um verdadeiro sucesso e vendeu 3 mil cópias em 5 meses, sendo que logo depois mais 5 mil cópias foram prensadas e todas vendidas no decorrer do próximo ano, um recorde absoluto para uma banda de Rock Progressivo Independente. Cerca de 10 mil cópias do disco foram vendidas até hoje.
O Cálix ainda gravou um novo álbum 2 anos depois chamado A Roda [2002] e um CD/DVD ao vivo em 2007 e acabou ficando em hiato (pelo menos em termos de disco novo) por 9 anos e só em 2016 saiu o terceiro trabalho de estúdio do grupo mineiro chamado Caminhante.
A banda é uma das mais ativas de sua geração e faz shows frequentemente pelo Brasil.
MUTANTES
1974 | Tudo Foi Feito Pelo Sol | DOWNLOAD
Os Mutantes dispensa apresentações já que foi uma banda seminal para o Rock Brasileiro e tem reconhecimento mundial de seus feitos no fim dos anos 60.
O grupo sempre seguiu o caminho da Psicodelia com uma bela pitada de humor em suas letras, as coisas começariam a mudar no início dos anos 70, porém.
Em 1972, a relação entre Arnaldo Baptista (teclados) e Rita Lee (vocais) – casados na época – chegou ao fim, o tópico é complexo e a história nunca foi realmente contada com todos os pingos que os ‘is’ mereciam, mas é fato de que a mudança de som que a banda vinha praticando era um fator decisivo, também, para a derrocada do casamento.
Assim que Rita Lee deixou a banda, o agora quarteto, se enfurnou em um sítio para compor e o resultado foi o magnífico O A E O Z. Na época a gravadora do grupo vetou o disco e o engavetou dizendo que o mesmo não era comercial. Só em 1992 o disco viu a luz do dia, 19 anos depois de sua gravação.
Depois do disco recusado pela gravadora a banda basicamente se desfez: Arnaldo Baptista foi tentar uma carreira solo (e gravou o estupendo Loki, em 1974), o baixista Liminha se enveredou no ramo de produção e o baterista Dinho saiu do ramo musical por muitos anos.
O guitarrista Sergio Dias decidiu então que a história dos Mutantes não estava terminada e chamou um trio de respeito para completar a banda: Túlio Mourão (teclados), Antônio Pedro (baixo) e Rui Motta (bateria). O quarteto então começou a ensaiar o que seria o disco mais Progressivo do grupo, Tudo Foi Feito Pelo Sol, lançado pela Som Livre em 1974.
O disco embarca de carona no som Sinfônico do Yes mas tem pitadas de Hard Rock e traz as letras bicho-grilo, que são a marca de todo som Prog feito nos anos 70 no Brasil.
A banda ainda teve um último disco antes de entrar em estado de hibernação, Ao Vivo de 1976 (que apesar de ter sido gravado ao vivo é composto completamente por material inédito), e se dissolveu em 1978. Como curiosidade, existem muitos bootlegs pela web com um monte de material inédito desse período (1976/1978), que nunca teve chegou a ser gravado em versões de estúdio.
Em 2006 a banda original (sem Rita Lee) fez um retorno triunfante, mas concentrando-se apenas no material Psicodélico (1968/1972). Eles lançaram 2 discos de estúdio e um ao vivo desde então.
Em 2013, o quarteto que gravou Tudo Foi Feito Pelo Sol se reuniu novamente e fez alguns shows especiais pelo Brasil onde eles tocavam o disco na íntegra. Todos os shows estavam lotados, mostrando o quanto esse disco ganhou a devida popularidade e respeito com o passar dos anos!
O Terreno Baldio foi formado em São Paulo no início dos anos 70 e eles são frequentemente chamados de ‘Gentle Giant brasileiro’ por fazer um Prog inspirado nos Ingleses e por fazer um som que muitas vezes não pode ser classificado.
O grupo gravou apenas dois discos e este primeiro é uma peça rara para colecionadores já que foi lançado por um pequeno selo chamado Pirata em uma tiragem de apenas 3 mil cópias.
Durante 1975/1976 a banda fez uma turnê bem completa tocando em várias cidades pelo Brasil, e em 1976, depois do lançamento do primeiro disco, assinaram com a gravadora Continental que apostava no Rock Progressivo naquele momento.
Quando chegou o momento de gravar um novo disco, a gravadora insistiu para que a banda lançasse um álbum conceitual sobre as lendas brasileiras. O grupo foi relutante à ideia já que eles já tinham material para um segundo disco, mas acreditando que isso compraria a liberdade que precisavam eles aceitaram a empreitada e lançaram o disco Além Das Lendas Brasileiras [1977].
O álbum não teve uma boa aceitação entre os fãs que não conseguiam associar a banda com toda a “brasilidade” no novo álbum e o Terreno Baldio acabou se dissolvendo em 1978.
Em 1993, o grupo se reuniu novamente para reescrever seu primeiro álbum, mas dessa vez com letras em Inglês, novos arranjos e novas faixas para um ‘relançamento’ do primeiro disco em CD. Eles acabaram fazendo alguns shows e se dissolvendo de novo. Entre 2008 e 2009, a banda fez vários shows novamente, um dos quais tive a sorte de ver em São Paulo, mas desde então o Terreno Baldio anda mais vazio do que nunca.
O Quaterna Réquiem é uma das bandas mais honestas e fieis ao som que sempre se propôs a fazer: Rock Progressivo Sinfônico. Mesmo que isso tenha feito com que a banda, em seus mais de 30 anos de estrada, tenha gravado apenas 3 discos de estúdio.
Formada em 1986 e capitaneada pela tecladista Elisa Wiermann o grupo gravou seu primeiro disco, Velha Gravura, em 1990 mas na minha opinião foi com o segundo, Quasímoso, que eles tiveram seu momento ao Sol. Apesar de ser um disco extremamente longo (mais de 74 minutos) o disco traz diversos momentos de musicalidade ímpar, incluindo a faixa título, uma suíte de 39 minutos.
O grupo ainda lançou um disco ao vivo em 1999 e o tão aguardado terceiro disco, O Arquiteto, em 2012. Eles continuam na ativa apesar de tocarem pouco nos dias de hoje.
Em tempo, Cláudio Dantas, baterista da banda, retomou um velho projeto chamado Vitral, com quem lançou o disco Entre As Estrelas em Dezembro de 2017.
O Cartoon, formado em 1995 em Ouro Branco Minas Gerais, é uma daquelas bandas que engrandeceram o Prog nacional no início dos anos 90 e depois jogaram tudo pra cima em busca de uma popularidade que difícilmente vai ser encontrada…
Se no primeiro disco, Martelo [1999], a banda ainda procurava o seu som e uma identidade própria no segundo disco, Bigorna, o grupo encontrou o seu som e ‘quebrou tudo’ com uma Ópera Rock contando a história do Rei Artur de uma forma completamente diferente e bem humorada. ‘A trilogia dos ossinhos do ouvido’ ainda seria fechada por Estribo, em 2008, e apesar deste ser um ótimo disco eu sempre volto para o Bigorna e não poderia não recomendar o disco nesta lista.
Infelizmente desde cerca de 2010 a banda procura pelo sucesso popularesco, chegando inclusive, a participar de um programa no estilo ‘batalha de bandas’. Depois disso a banda lançou o vergonhoso Unbeatable [2013] que já deixava claro que a banda não mais tocava Rock Progressivo.
Em 2017 o Cartoon lançou um novo disco, o acústico V. A banda afirma que não mais quer seguir o caminho Progressivo, mas se em Unbeatable era descarada a busca pelo sucesso comercial (que não veio), em V o grupo fez um disco de respeito.
Vale a pena ouvir os 3 primeiros discos da banda para conhecer o que o Prog Br andava fazendo no início do novo século.
O Ultranova é uma banda vinda de Belém, no Pará, longe demais das capitais mas não longe demais da qualidade sonora!
Orion nos mostra que os novos grupos de Rock Progressivo podem ser modernos sem mudarem completamente o estilo e decaírem para o Pop disfarçado como muitas bandas atuais tem feito. O disco também fecha um buraco que o Brasil tinha em relação ao Rock Progressivo, há anos uma banda interessante não aparecia no cenário, pois eis aqui o Ultranova.
Orion é uma ‘espiada’ no que o Rock Progressivo moderno anda fazendo em solo Brasileiro. E como toda boa surpresa, vem de onde se menos espera!
Quando eu estava organizando essa lista o nome do Eclipse foi um dos primeiros a vir na minha cabeça. Banda fantástica que lançou somente esse disco e que, basicamente, ninguém conhece.
Mas ao mesmo tempo que eu acho que incluir a banda na lista seria justo eu também acho que iria fugir do foco do guia. A intenção era listas de discos que na minha opinião são fundamentais para entender o Prog Br, mas que ao mesmo tempo tem uma certa importância dentro do cenário, o que certamente o Eclipse (infelizmente) não teve. Foi quando eu decidi que deixar o grupo de fora seria um desfavor para com o ouvinte.
A banda carioca gravou esse disco em 2003 para o selo Rock Symphony e basicamente sumiu. O fato de que a banda se chama Eclipse (um nome extremamente comum) também não ajuda em nada já que encontrar informações sobre a ‘banda Eclipse’ leva o internauta a lugar nenhum. Mesmo em 2003 já haviam pelo menos 20 bandas com o mesmo nome.
Deixando isso de lado Jumping From Springboards é um disco absolutamente fantástico com elaboradas melodias, som rebuscado, gravação de primeira e um time de músicos competentíssimos.
Taí uma verdadeira pérola perdida!
Texto | Diego Camargo
1974 | Tudo Foi Feito Pelo Sol | DOWNLOAD
Os Mutantes dispensa apresentações já que foi uma banda seminal para o Rock Brasileiro e tem reconhecimento mundial de seus feitos no fim dos anos 60.
O grupo sempre seguiu o caminho da Psicodelia com uma bela pitada de humor em suas letras, as coisas começariam a mudar no início dos anos 70, porém.
Em 1972, a relação entre Arnaldo Baptista (teclados) e Rita Lee (vocais) – casados na época – chegou ao fim, o tópico é complexo e a história nunca foi realmente contada com todos os pingos que os ‘is’ mereciam, mas é fato de que a mudança de som que a banda vinha praticando era um fator decisivo, também, para a derrocada do casamento.
Assim que Rita Lee deixou a banda, o agora quarteto, se enfurnou em um sítio para compor e o resultado foi o magnífico O A E O Z. Na época a gravadora do grupo vetou o disco e o engavetou dizendo que o mesmo não era comercial. Só em 1992 o disco viu a luz do dia, 19 anos depois de sua gravação.
Depois do disco recusado pela gravadora a banda basicamente se desfez: Arnaldo Baptista foi tentar uma carreira solo (e gravou o estupendo Loki, em 1974), o baixista Liminha se enveredou no ramo de produção e o baterista Dinho saiu do ramo musical por muitos anos.
O guitarrista Sergio Dias decidiu então que a história dos Mutantes não estava terminada e chamou um trio de respeito para completar a banda: Túlio Mourão (teclados), Antônio Pedro (baixo) e Rui Motta (bateria). O quarteto então começou a ensaiar o que seria o disco mais Progressivo do grupo, Tudo Foi Feito Pelo Sol, lançado pela Som Livre em 1974.
O disco embarca de carona no som Sinfônico do Yes mas tem pitadas de Hard Rock e traz as letras bicho-grilo, que são a marca de todo som Prog feito nos anos 70 no Brasil.
A banda ainda teve um último disco antes de entrar em estado de hibernação, Ao Vivo de 1976 (que apesar de ter sido gravado ao vivo é composto completamente por material inédito), e se dissolveu em 1978. Como curiosidade, existem muitos bootlegs pela web com um monte de material inédito desse período (1976/1978), que nunca teve chegou a ser gravado em versões de estúdio.
Em 2006 a banda original (sem Rita Lee) fez um retorno triunfante, mas concentrando-se apenas no material Psicodélico (1968/1972). Eles lançaram 2 discos de estúdio e um ao vivo desde então.
Em 2013, o quarteto que gravou Tudo Foi Feito Pelo Sol se reuniu novamente e fez alguns shows especiais pelo Brasil onde eles tocavam o disco na íntegra. Todos os shows estavam lotados, mostrando o quanto esse disco ganhou a devida popularidade e respeito com o passar dos anos!
A BARCA DO SOL
1974 | Pirata | DOWNLOAD
A Barca Do Sol era uma banda completamente diferente dentro do cenário Brasileiro. Existiram diversas bandas que baseavamo sem som no Folk (sub-gênero conhecido como Progressive Folk, ou Folk Prog), mas nenhuma banda chegou perto da sofisticação d’A Barca Do Sol com sua mistura entre o erudito e a MPB. O som da banda vinha recheado de flautas, violões, violoncelo e todos os tipos de instrumentos acústicos tradicionais brasileiros possíveis, tais como o cavaquinho e o berimbau, só pra citar alguns.
É fato comum entre os fãs de Rock Progressivo que os dois primeiros discos do grupo são clássicos: o auto-intitulado (de 1974) e, especialmente, Durante O Verão [1976]. Mas na minha opinião o disco que casa perfeitamente o som de câmara com a MPB e Folk é o terceiro e pouco falado Pirata.
Neste álbum toda a musicalidade do grupo vem recheada de ‘brasilidades’ como melodias de flauta ritmadas por berimbau ou o Prog mesclado com cavaquinho e percussão típica de samba. Estranha combinação? Sim! Mas também empolgante, original e necessário!
Após esse terceiro disco o grupo encerrou suas atividades e muitos músicos que fizeram parte da formação da banda (como Jaques Morelenbaum, Nando Carneiro e Ritchie), seguiram carreiras bem sucedidas dentro da música Brasileira.
Marco Antonio Araújo era um músico ímpar dentro do cenário Prog tupiniquim. Além de andar na contramão da música popular e fazer Prog no estilo Sinfônico em plena década de 80, MAA (como é popularmente conhecido) também se diferenciava de outros guitarristas pelo fato de tocar única e exclusivamente violão, e violão de cordas de aço ainda por cima, não o famoso ‘violão de nylon’, tão popular na MPB e no Brasil.
MAA começou sua discografia de forma audaciosa quando em 1980 lançou de forma independente o disco Influências. Na verdade, todos os 4 álbums do músico foram lançados de forma independente através da sua própria produtora, a Strawberry Fields.
Tanto em Influências quanto em Quando A Sorte Te Solta Um Cisne Na Noite [1982] é possível notar suas influências e uma clara paixão por Pink Floyd. Já o terceiro disco traz o músico imerson num clima clássico (ele era membro da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais) e junto à um trio grava o disco Entre Um Silêncio E Outro [1983].
Mas é em Lucas (nome do segundo filho de MAA) que esse exímio violonista chega à perfeição sonora. O disco é um exemplo de como fazer Rock Progressivo instrumental sem ser chato e “Lembranças” é a cereja no topo de um bolo mais do que delicioso!
Nascido em Minas Gerais Marco Antonio Araujo morreu aos 36 anos no dia 6 de Janeiro de 1986 devido à um subito e inesperado aneurisma cerebral. MAA morreu em um momento de sua carreira em que ele fazia shows no Brasil todo e a revista Veja lhe premiava como o melhor instrumentista do país. Perda irreparável não somente para o Prog Brasileiro mas para a música nacional num todo.
O Trem Do Futuro tem estrada e se não é o nome mais prolífico do Prog Br (e que outra banda é por estas terras?) é definitivamente um nome importante dos anos 90, gravando um disco de maneira independente e com muita dificuldade em pleno início do Plano Real!
O grupo foi formado no Ceará, um estado localizado na região nordeste do Brasil no longínquo ano de 1981. É fato que ser uma banda de Rock Progressivo no nordeste do Brasil não é fácil já que não é a primeira música que pensamos quando ouvimos a frase ‘banda do Ceará’. A região é muito mais conhecida por sua música de raíz e por ritmos populares. Esse fato pesou tanto na história do Trem do Futuro que a banda levou nada mais nada menos que 14 anos para lançar seu primeiro álbum!
O auto-intitulado disco de estreia da banda foi lançado originalmente pelo selo Progressive Rock Worldwide e eu tenho orgulho de dizer que o meu selo, Progshine Records, relançou o disco do grupo pela primeira vez em formato digital. Jabá, eu sei, mas não me envergonho em fazer comercial pois acredito que a banda merece!
É verdade que em qualidade de gravação Trem do Futuro [1995] deixa um pouco a desejar, mas em matéria de composição o disco é de primeira!
O Trem do Futuro ainda lançou 2 outros discos: O Tempo [2007] e Tr3s [2015] e continua na ativa fazendo shows periódicos pela região nordeste do Brasil.
Sim, eu sei o que você está pensando nesse exato momento: “Como assim, não é o primeiro disco da banda que está na lista?” Não meu amigo, não é!
Explico: Concordo que o disco de estreia do grupo paulista, de 1987, é um marco e um clássico do Rock Brasileiro, mas aquele primeiro disco é pura psicodelia, não há nada de Rock Progressivo naquele disco. A verdade é que o Violeta de Outono só se tornou um grupo Progressivo quando da mudança de formação em 2005 e a entrada do baixista Gabriel Costa e principalmente do tecladista Fernando Cardoso. Se antes a banda se embebedava nas cores pintadas por Syd Barret com a entrada dos novos membros eles passaram a beber o chá das 5 da pastoral cidade inglesa de Canterbury e passou a ouvir mais e mais bandas como o Caravan.
Em 2005 a banda lançou o disco Ilhas e esse é o primeiro passo dessa nova fase, mas se nesse disco o resultado é fraco e confuso, no disco seguinte, Volume 7, o grupo se encontrou e gravou o melhor disco deles até o momento!
Vejam bem, desde 2007 o Violeta já lançou outros 2 discos (Espectro [2012] e Spaces [2016]), e todos os dois são absolutamente fantásticos. Mas Volume 7 tem um algo a mais que faz com que o ouvinte seja transportado pra um mundo bem particular, o mundo das Violetas, e vale apena embarcar nessa viagem sóbria!
O Terço foi na verdade uma das primeiras bandas brasileiras a tocar Rock progressivo de verdade. A banda gravou o seu primeiro disco, totalmente voltado para a psicodelia e a MPB, em 1970 e o primeiro disco Prog em 1973 onde podemos encontrar a suíte “Amanhecer Total e seus quase 20 minutos.
No entanto não há como negar que o auge Progressivo da banda foi com o seu terceiro disco, Criaturas Da Noite. A mudança de formação e a adição de um tecladista permamente (ninguém menos que Flávio Venturini que depois fundaria o 14 Bis) fez com que o som da banda mudasse, além da influência do Hard Rock agora a banda também entrava de vez no Progressivo Sinfônico.
Após Criaturas Da Noite o grupo continuou gravando até meados de 1983, voltando em 1990 e nunca realmente parou desde então apesar de não lançar um disco com material inédito desde 1998, 20 anos atrás.
TERRENO BALDIO
1975 | Terreno Baldio | DOWNLOAD
1974 | Pirata | DOWNLOAD
A Barca Do Sol era uma banda completamente diferente dentro do cenário Brasileiro. Existiram diversas bandas que baseavamo sem som no Folk (sub-gênero conhecido como Progressive Folk, ou Folk Prog), mas nenhuma banda chegou perto da sofisticação d’A Barca Do Sol com sua mistura entre o erudito e a MPB. O som da banda vinha recheado de flautas, violões, violoncelo e todos os tipos de instrumentos acústicos tradicionais brasileiros possíveis, tais como o cavaquinho e o berimbau, só pra citar alguns.
É fato comum entre os fãs de Rock Progressivo que os dois primeiros discos do grupo são clássicos: o auto-intitulado (de 1974) e, especialmente, Durante O Verão [1976]. Mas na minha opinião o disco que casa perfeitamente o som de câmara com a MPB e Folk é o terceiro e pouco falado Pirata.
Neste álbum toda a musicalidade do grupo vem recheada de ‘brasilidades’ como melodias de flauta ritmadas por berimbau ou o Prog mesclado com cavaquinho e percussão típica de samba. Estranha combinação? Sim! Mas também empolgante, original e necessário!
Após esse terceiro disco o grupo encerrou suas atividades e muitos músicos que fizeram parte da formação da banda (como Jaques Morelenbaum, Nando Carneiro e Ritchie), seguiram carreiras bem sucedidas dentro da música Brasileira.
Marco Antonio Araújo era um músico ímpar dentro do cenário Prog tupiniquim. Além de andar na contramão da música popular e fazer Prog no estilo Sinfônico em plena década de 80, MAA (como é popularmente conhecido) também se diferenciava de outros guitarristas pelo fato de tocar única e exclusivamente violão, e violão de cordas de aço ainda por cima, não o famoso ‘violão de nylon’, tão popular na MPB e no Brasil.
MAA começou sua discografia de forma audaciosa quando em 1980 lançou de forma independente o disco Influências. Na verdade, todos os 4 álbums do músico foram lançados de forma independente através da sua própria produtora, a Strawberry Fields.
Tanto em Influências quanto em Quando A Sorte Te Solta Um Cisne Na Noite [1982] é possível notar suas influências e uma clara paixão por Pink Floyd. Já o terceiro disco traz o músico imerson num clima clássico (ele era membro da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais) e junto à um trio grava o disco Entre Um Silêncio E Outro [1983].
Mas é em Lucas (nome do segundo filho de MAA) que esse exímio violonista chega à perfeição sonora. O disco é um exemplo de como fazer Rock Progressivo instrumental sem ser chato e “Lembranças” é a cereja no topo de um bolo mais do que delicioso!
Nascido em Minas Gerais Marco Antonio Araujo morreu aos 36 anos no dia 6 de Janeiro de 1986 devido à um subito e inesperado aneurisma cerebral. MAA morreu em um momento de sua carreira em que ele fazia shows no Brasil todo e a revista Veja lhe premiava como o melhor instrumentista do país. Perda irreparável não somente para o Prog Brasileiro mas para a música nacional num todo.
O Trem Do Futuro tem estrada e se não é o nome mais prolífico do Prog Br (e que outra banda é por estas terras?) é definitivamente um nome importante dos anos 90, gravando um disco de maneira independente e com muita dificuldade em pleno início do Plano Real!
O grupo foi formado no Ceará, um estado localizado na região nordeste do Brasil no longínquo ano de 1981. É fato que ser uma banda de Rock Progressivo no nordeste do Brasil não é fácil já que não é a primeira música que pensamos quando ouvimos a frase ‘banda do Ceará’. A região é muito mais conhecida por sua música de raíz e por ritmos populares. Esse fato pesou tanto na história do Trem do Futuro que a banda levou nada mais nada menos que 14 anos para lançar seu primeiro álbum!
O auto-intitulado disco de estreia da banda foi lançado originalmente pelo selo Progressive Rock Worldwide e eu tenho orgulho de dizer que o meu selo, Progshine Records, relançou o disco do grupo pela primeira vez em formato digital. Jabá, eu sei, mas não me envergonho em fazer comercial pois acredito que a banda merece!
É verdade que em qualidade de gravação Trem do Futuro [1995] deixa um pouco a desejar, mas em matéria de composição o disco é de primeira!
O Trem do Futuro ainda lançou 2 outros discos: O Tempo [2007] e Tr3s [2015] e continua na ativa fazendo shows periódicos pela região nordeste do Brasil.
Sim, eu sei o que você está pensando nesse exato momento: “Como assim, não é o primeiro disco da banda que está na lista?” Não meu amigo, não é!
Explico: Concordo que o disco de estreia do grupo paulista, de 1987, é um marco e um clássico do Rock Brasileiro, mas aquele primeiro disco é pura psicodelia, não há nada de Rock Progressivo naquele disco. A verdade é que o Violeta de Outono só se tornou um grupo Progressivo quando da mudança de formação em 2005 e a entrada do baixista Gabriel Costa e principalmente do tecladista Fernando Cardoso. Se antes a banda se embebedava nas cores pintadas por Syd Barret com a entrada dos novos membros eles passaram a beber o chá das 5 da pastoral cidade inglesa de Canterbury e passou a ouvir mais e mais bandas como o Caravan.
Em 2005 a banda lançou o disco Ilhas e esse é o primeiro passo dessa nova fase, mas se nesse disco o resultado é fraco e confuso, no disco seguinte, Volume 7, o grupo se encontrou e gravou o melhor disco deles até o momento!
Vejam bem, desde 2007 o Violeta já lançou outros 2 discos (Espectro [2012] e Spaces [2016]), e todos os dois são absolutamente fantásticos. Mas Volume 7 tem um algo a mais que faz com que o ouvinte seja transportado pra um mundo bem particular, o mundo das Violetas, e vale apena embarcar nessa viagem sóbria!
O Terço foi na verdade uma das primeiras bandas brasileiras a tocar Rock progressivo de verdade. A banda gravou o seu primeiro disco, totalmente voltado para a psicodelia e a MPB, em 1970 e o primeiro disco Prog em 1973 onde podemos encontrar a suíte “Amanhecer Total e seus quase 20 minutos.
No entanto não há como negar que o auge Progressivo da banda foi com o seu terceiro disco, Criaturas Da Noite. A mudança de formação e a adição de um tecladista permamente (ninguém menos que Flávio Venturini que depois fundaria o 14 Bis) fez com que o som da banda mudasse, além da influência do Hard Rock agora a banda também entrava de vez no Progressivo Sinfônico.
Após Criaturas Da Noite o grupo continuou gravando até meados de 1983, voltando em 1990 e nunca realmente parou desde então apesar de não lançar um disco com material inédito desde 1998, 20 anos atrás.
TERRENO BALDIO
1975 | Terreno Baldio | DOWNLOAD
O Terreno Baldio foi formado em São Paulo no início dos anos 70 e eles são frequentemente chamados de ‘Gentle Giant brasileiro’ por fazer um Prog inspirado nos Ingleses e por fazer um som que muitas vezes não pode ser classificado.
O grupo gravou apenas dois discos e este primeiro é uma peça rara para colecionadores já que foi lançado por um pequeno selo chamado Pirata em uma tiragem de apenas 3 mil cópias.
Durante 1975/1976 a banda fez uma turnê bem completa tocando em várias cidades pelo Brasil, e em 1976, depois do lançamento do primeiro disco, assinaram com a gravadora Continental que apostava no Rock Progressivo naquele momento.
Quando chegou o momento de gravar um novo disco, a gravadora insistiu para que a banda lançasse um álbum conceitual sobre as lendas brasileiras. O grupo foi relutante à ideia já que eles já tinham material para um segundo disco, mas acreditando que isso compraria a liberdade que precisavam eles aceitaram a empreitada e lançaram o disco Além Das Lendas Brasileiras [1977].
O álbum não teve uma boa aceitação entre os fãs que não conseguiam associar a banda com toda a “brasilidade” no novo álbum e o Terreno Baldio acabou se dissolvendo em 1978.
Em 1993, o grupo se reuniu novamente para reescrever seu primeiro álbum, mas dessa vez com letras em Inglês, novos arranjos e novas faixas para um ‘relançamento’ do primeiro disco em CD. Eles acabaram fazendo alguns shows e se dissolvendo de novo. Entre 2008 e 2009, a banda fez vários shows novamente, um dos quais tive a sorte de ver em São Paulo, mas desde então o Terreno Baldio anda mais vazio do que nunca.
O Quaterna Réquiem é uma das bandas mais honestas e fieis ao som que sempre se propôs a fazer: Rock Progressivo Sinfônico. Mesmo que isso tenha feito com que a banda, em seus mais de 30 anos de estrada, tenha gravado apenas 3 discos de estúdio.
Formada em 1986 e capitaneada pela tecladista Elisa Wiermann o grupo gravou seu primeiro disco, Velha Gravura, em 1990 mas na minha opinião foi com o segundo, Quasímoso, que eles tiveram seu momento ao Sol. Apesar de ser um disco extremamente longo (mais de 74 minutos) o disco traz diversos momentos de musicalidade ímpar, incluindo a faixa título, uma suíte de 39 minutos.
O grupo ainda lançou um disco ao vivo em 1999 e o tão aguardado terceiro disco, O Arquiteto, em 2012. Eles continuam na ativa apesar de tocarem pouco nos dias de hoje.
Em tempo, Cláudio Dantas, baterista da banda, retomou um velho projeto chamado Vitral, com quem lançou o disco Entre As Estrelas em Dezembro de 2017.
O Cartoon, formado em 1995 em Ouro Branco Minas Gerais, é uma daquelas bandas que engrandeceram o Prog nacional no início dos anos 90 e depois jogaram tudo pra cima em busca de uma popularidade que difícilmente vai ser encontrada…
Se no primeiro disco, Martelo [1999], a banda ainda procurava o seu som e uma identidade própria no segundo disco, Bigorna, o grupo encontrou o seu som e ‘quebrou tudo’ com uma Ópera Rock contando a história do Rei Artur de uma forma completamente diferente e bem humorada. ‘A trilogia dos ossinhos do ouvido’ ainda seria fechada por Estribo, em 2008, e apesar deste ser um ótimo disco eu sempre volto para o Bigorna e não poderia não recomendar o disco nesta lista.
Infelizmente desde cerca de 2010 a banda procura pelo sucesso popularesco, chegando inclusive, a participar de um programa no estilo ‘batalha de bandas’. Depois disso a banda lançou o vergonhoso Unbeatable [2013] que já deixava claro que a banda não mais tocava Rock Progressivo.
Em 2017 o Cartoon lançou um novo disco, o acústico V. A banda afirma que não mais quer seguir o caminho Progressivo, mas se em Unbeatable era descarada a busca pelo sucesso comercial (que não veio), em V o grupo fez um disco de respeito.
Vale a pena ouvir os 3 primeiros discos da banda para conhecer o que o Prog Br andava fazendo no início do novo século.
O Ultranova é uma banda vinda de Belém, no Pará, longe demais das capitais mas não longe demais da qualidade sonora!
Orion nos mostra que os novos grupos de Rock Progressivo podem ser modernos sem mudarem completamente o estilo e decaírem para o Pop disfarçado como muitas bandas atuais tem feito. O disco também fecha um buraco que o Brasil tinha em relação ao Rock Progressivo, há anos uma banda interessante não aparecia no cenário, pois eis aqui o Ultranova.
Orion é uma ‘espiada’ no que o Rock Progressivo moderno anda fazendo em solo Brasileiro. E como toda boa surpresa, vem de onde se menos espera!
Quando eu estava organizando essa lista o nome do Eclipse foi um dos primeiros a vir na minha cabeça. Banda fantástica que lançou somente esse disco e que, basicamente, ninguém conhece.
Mas ao mesmo tempo que eu acho que incluir a banda na lista seria justo eu também acho que iria fugir do foco do guia. A intenção era listas de discos que na minha opinião são fundamentais para entender o Prog Br, mas que ao mesmo tempo tem uma certa importância dentro do cenário, o que certamente o Eclipse (infelizmente) não teve. Foi quando eu decidi que deixar o grupo de fora seria um desfavor para com o ouvinte.
A banda carioca gravou esse disco em 2003 para o selo Rock Symphony e basicamente sumiu. O fato de que a banda se chama Eclipse (um nome extremamente comum) também não ajuda em nada já que encontrar informações sobre a ‘banda Eclipse’ leva o internauta a lugar nenhum. Mesmo em 2003 já haviam pelo menos 20 bandas com o mesmo nome.
Deixando isso de lado Jumping From Springboards é um disco absolutamente fantástico com elaboradas melodias, som rebuscado, gravação de primeira e um time de músicos competentíssimos.
Taí uma verdadeira pérola perdida!
Texto | Diego Camargo