ROCK RÁDIO LÁGRIMA PSICODÉLICA no AR desde 15.08.2009. Completamos 15 anos de ROCK AND ROLL!!!

CLIQUE NO PLAYER PARA NOS SINTONIZAR!!!

Rolando agora na programação da RRLP. Nossa companhia Rock and Roll noite e dia!!!

Programadores da Rock Rádio Lágrima Psicodélica:

Cacá, Fireball, Gäel e Johnny F

lagrimapsicodelica@gmail.com

Como sintonizar a Rock Rádio Lágrima Psicodélica


Você também pode sintonizar a ROCK RÁDIO LÁGRIMA PSICODÉLICA de 2 formas:

1 - Via PC/NOT - A sintonia é direta no Blog Lágrima Psicodélica.

2 - Via CEL/TABLET - Sintonize através do Player Alternativo.

ROCK RÁDIO LÁGRIMA PSICODÉLICA
Criação & Direção by Johnny F

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Einstürzende Neubauten


Einstürzende Neubauten (que significa "Novos Prédios Desmoronando" em alemão e se pronuncia mais ou menos Ains-tir-tzende Nói-bauten).

A banda foi fundada na cidade de Berlim, na parte oriental, em 1980. Após algumas mudanças de formação, a banda lançou seu primeiro álbum, Kollaps, no ano seguinte com Blixa Bargeld (vocal, guitarra, efeitos), N. U. Unruh (percussão, vocal) e F. M. Einheit (percussão, vocal).

A primeira coisa que chama a atenção em Kollaps é a capa. O símbolo (que seria registrado posteriormente pela banda) é baseado em registros de homens das cavernas no México. Ninguém sabe ao certo o que ele significa, mas o simpático humanoide está para o Einstürzende Neubauten como Eddie está para o Iron Maiden, por exemplo.

Mas o mais assombroso de Kollaps está longe de ser o homenzinho ou o nome difícil da banda. Logo na primeira faixa, Tanz Debil, fica evidente o quanto este álbum é pioneiro e vai na contramão dos lançamentos de destaque de sua época. Entre gritos de "Stell dich tot" e "Gier!" (Finja-se de morto e Ganância!, respectivamente), uma ritmo forte e metálico começa e segue pela música inteira, criando uma atmosfera de um futuro dominado por máquinas. O Ministry e o Nine Inch Nails fariam algo semelhante, mas quase uma década depois e de uma maneira muito mais acessível. A música anuncia muito bem a proposta do álbum.

A guitarra e os vocais de Bargeld são totalmente distorcidos. No caso da guitarra, há momentos em que você não consegue distinguir ela dos demais ruídos percussivos das músicas. A voz não entoa uma melodia, mas gritos angustiados e angustiantes. É o humano realmente se confundindo com a máquina, e tudo isso bem diante dos seus ouvidos.

Se Tanz Debil já anunciava o clima robótico assassino, Steh auf Berlin cospe isso na cara do ouvinte. Um barulho saturado de uma furadeira começa e logo as percussões de N. U. Unruh e F. M. Einheit parecem simular uma fábrica de alguma coisa realmente matadora, parecendo uma metralhadora junto com os berros de Bargeld ao fundo. Diversos ruídos de ferramentas aparecem ocasionalmente, e o mais impressionante é que é tudo analógico - são ferramentas mesmo, e a banda reproduzia ao vivo.

O que mais me intriga sobre a música dita industrial é a maneira como sons que simulam máquinas e objetos inanimados - latas, furadeiras, ruídos em geral - conseguem causar tantas emoções no ouvinte. Eu não consigo imaginar uma pessoa que escute este álbum e fique indiferente. É algo mais sinestésico que a experiência de ouvir música.

A sequência Negativ Nein, U-Haft Muzak, Draußen ist Feindlich e Hören mit Schmerzen traz uma percussão perturbadoramente lenta. É angustiante como o som do Bärenjude (o "urso judeu" de Bastardos Inglórios) batendo seu taco de baseball contra a grade antes de brutalizar o soldado nazista. Junto com ruídos e gritos soa como seria se o inferno fosse hi-tech.

O momento mais surpreendente, dado o choque inicial, certamente é Jet'M. Trata-se de um cover de uma música muito famosa do fim dos anos 60 chamada Je T'aime Moi Non Plus, um dueto do compositor Serge Gainsbourg e sua amante Jane Birkin. A música original é repleta de gemidos e sussurros, mas a versão do Einstürzende Neubaten soa como a trilha sonora de um filme pornô de robôs malvados.

A faixa título tem quase 8 minutos e novamente cria uma atmosfera apocalíptica. A guitarra de Bargeld toca acordes dissonantes precisamente no começo de cada compasso, como se fosse um metrônomo. É previsível e imprevisível ao mesmo tempo, uma vez que os gritos criam uma outra textura.

Sehnsucht traz um piano (!) e é a que mais se aproxima de uma "balada", tanto pela melodia quanto pela voz. Ela dá lugar para o filler Vorm Krieg, uma faixa de 20 segundos que parece um rádio mal sintonizado, e então a sequência de encerramento começa com Hirnsage, uma música lenta e linear. Bargeld soa como um instrutor de exercícios no meio do mundo real e robótico de Matrix.

Abstieg und Zerfall tem diversos falsos crescendos, criando uma expectativa que nunca chega. A percussão parece uma bomba relógio, mas a explosão só traz o silêncio. E quando você acha que a última faixa vai explodir, Helga traz apenas mais estática com uma voz ao fundo, e este é o fim de Kollaps.

Kollaps é um álbum sensacional, mas deve ser ouvido como uma peça completa, e não como uma simples coleção de músicas. É incrível o quanto ele é diferente, até hoje, de tudo o que você já escutou.

Recomendadíssimo.

Texto retirado de | Música Estranha e Boa

1981 | KOLLAPS

01. Tanz Debil
02. Steh auf Berlin
03. Negativ Nein
04. U-Haft-Muzak
05. Draußen ist Feindlich
06. Schmerzen Hören (Hören mit Schmerzen)
07. Jet'm
08. Kollaps
09. Sehnsucht
10. Vorm Krieg
11. Hirnsäge
12. Abstieg & Zerfall
13. Helga

DOWNLOAD