A formação do supergrupo começa de uma maneira muito triste. Andy Wood, carismático vocalista do Mother Love Bone, era viciado em drogas e, em uma dessas viagens sem volta, acabou tendo uma overdose e ficou alguns dias internado no hospital para que amigos e parentes se despedissem antes de os aparelhos serem desligados.
Chris Cornell ficou muito abalado com a perda e escreveu duas músicas: “Reach Down” e “Say Hello 2 Heaven”, composições que eram muito diferentes do que o Soundgarden, sua banda principal, fazia. E essas duas canções foram o impulso para a ideia de homenagear o amigo.
Logo que teve a ideia, Cornell tratou de chamar Stone Gossard e Jeff Ament, companheiros de Wood no Mother Love Bone, para trabalharem nas canções. Todos estavam arrasados emocionalmente, então isso seria uma boa válvula de escape para os três, que ganharam as companhias de Mike McCready, virtuoso e talentoso guitarrista, do baterista Matt Cameron, convidado por Cornell, e Eddie Vedder – vindo de San Diego, Califórnia, Vedder enviou uma fita e logo foi convidado para ser o vocalista do Mookie Blaylock, que logo viraria Pearl Jam.
Com as demos em mãos e trabalhando nisso, os cinco divergiram na ideia de lançar um single prévio do disco – ideia rechaçada e considerada “estúpida” por Cornell, que demonstrou, logo de cara, favorável ao lançamento de um EP ou um disco. Como era mais próximo de Wood e era o principal compositor, a ideia do vocalista superou às demais, e o álbum foi gravado em 15 dias e produzido pelos seis.
Não havia pressão da gravadora para o lançamento, então tudo ocorreu no tempo em que os seis trabalhavam juntos nas faixas e na gravação. Foi nesse período que todos descobriram o potencial de Vedder nos vocais. Com apenas apresentações ao vivo no currículo, o jovem cantor ainda era questionado pelo seu jeito tímido e introspectivo dentro da banda – o que era normal, já que ele era o único que não havia se desenvolvido dentro da cena de Seattle. Foi fazendo a segunda voz em “Hunger Strike” que ele provou que tinha potencial e capacidade para ser muito mais do que mostrava aos amigos próximos.
O nome Temple of the Dog surgiu a partir de uma canção do Mother Love Bone, composta por Wood, chamada “Man Of Golden Words” (I want to show you something, like joy inside my heart/Seems I've been living in the temple of the dog/Where would I live if I were a man of golden words?/Or would I live at all?). Não existiria melhor homenagem do que usar uma canção para nomear o grupo.
Lançado em 16 de abril de 1991, o disco vendeu 70 mil cópias no primeiro mês e foi muito elogiado pela crítica, e foi muito bem recebido pelo público. Mas o álbum só viria a estourar nas paradas no ano seguinte, graças ao lançamento dos discos do Soundgarden, Badmotorfinger, e do Pearl Jam, Ten. Então a A&M Records bancou a gravação do clipe de “Hunger Strike”, que impulsionou ainda mais a carreira das duas bandas.
O Temple of the Dog só fez um set longo em toda sua história: foi em 13 de novembro de 1991, sem Eddie Vedder. No mais, o grupo só se reuniu em momentos esporádicos, como Lollapalooza-93, arrecadação de eventos e comemorações. A última vez foi em 2011, no aniversário de 20 anos da formação do Pearl Jam, em que Cornell e o Pearl Jam se uniram para tocar três músicas (“Say Hello 2 Heaven”, “Reach Down”, e “Hunger Strike”). Sempre questionados sobre um possível segundo trabalho, os seis alegam que o Temple of the Dog não nasceu para ser um grupo fixo, mas uma homenagem a um amigo querido que se foi.
Texto | Fagner Morais
1991 | TEMPLE OF THE DOG
01. Say Hello 2 Heaven
02. Reach Down
03. Hunger Strike
04. Pushin' Foward Back
05. Call Me A Dog
06. Times Of Trouble
07. Wooden Jesus
08. Your Savior
09. Four Walled World
10. All Night Thing
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01. Say Hello 2 Heaven
02. Reach Down
03. Hunger Strike
04. Pushin' Foward Back
05. Call Me A Dog
06. Times Of Trouble
07. Wooden Jesus
08. Your Savior
09. Four Walled World
10. All Night Thing
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