quarta-feira, 24 de abril de 2019

Loyce e Os Gnomos


Tudo relacionado a este misterioso combo do interior de São Paulo é nebuloso, já que o grupo sumir completamente da cena musical depois deste compacto duplo lançado em 1969 pelo pequeno selo Do Ré Mi. Alguns dizem que a banda surgiu em Ribeirão Preto, mas na realidade, eles vieram de Limeira, onde praticavam uma sonoridade totalmente em sintonia com o rock psicodélico e de garagem norte-americano, mas com uma peculiar pegada tropicalista.

Em 1969 não havia nada aqui tão pesado e brasileiro como “Era uma nota de 50 cruzeiros”. A tosca e poderosa distorção da guitarra do jovem Fael deixaria Tony Iommi e Ron Asheton mortos de inveja. Num certo momento, o tema se torna uma fusão de microfonia e percussão violenta. Talvez o maior nugget garageiro da América do Sul. “José João, ou João José” vai no caminho oposto, pois é uma balada folk com voz ingênua. Aliás, essa era o tema que o grupo apostava para estourar nas rádios, tanto que a canção foi mencionada com destaque na contracapa, que incluía também um agradecimento especial a Tom Zé. Em “Que é Isso?”, a guitarra fulminante de Fael volta com ímpeto no estilo Hendrix. “A jardineira Querida, ou coletivo” marca o fim da orgia psicodélica com um Hammond charmosamente desafinado.

O fato de contar, também, com uma capa de dez polegadas, deixou “O Despertar dos Mágicos” ainda mais colecionável, pois é pouco usual uma banda lançar um compacto de sete polegadas dentro de uma capa de dez polegadas.

Texto retirado do livro | Lindo Sonho Delirante

1969 | O DESPERTAR DOS MÁGICOS

01. Era Uma Nota de 50 Cruzeiros
02. José João ou João José
03. Que é Isso?
04. A Jardelina Querida ou Coletivo





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