terça-feira, 9 de abril de 2019

Antonio Adolfo & A Brazuca


O disco Antonio Adolfo & A Brazuca de 1971 marcou várias mudanças na banda. Pelo astral hippie da capa, já dá para perceber que o mergulho no soul e no rock foi total. Julie deixou a banda e foi substituída por um vocalista, Luiz Keller. E uma história curiosa: Vitor Manga deixara o grupo para excursionar com Wilson Simonal no México, um ano antes. Seus problemas com drogas acabaram fazendo com que o cantor de "Sá Marina" o despedisse - e ele, desgostoso, acabou morrendo de overdose.

A tristeza com a partida de Vitor acabou gerando a carregadíssima balada "Tributo a Vitor Manga", literalmente chorada e berrada por Keller. Uma curiosidade: Vitor era sobrinho do homem-de-televisão Carlos Manga, que após a morte do músico, decidiu se vingar procurando Wilson Simonal durante meses, munido de um revólver - fato que foi revelado pelo próprio Carlos Manga, numa entrevista à Playboy, já nos anos 90. Vários amigos em comum acabaram impedindo que o encontro entre os dois acontecesse.

Mais surpresas podem ser encontradas em músicas como "Panorama" (inspiradíssima em Marcos Valle), "Pela cidade", no clima samba-jazzy "Cláudia", na psicodelia de "Atenção! Atenção!", no progressivismo de "Transamazônica" e no soul pesado e hippie de "Que se dane". A primazia da parceria Antonio & Tibério é substituída por várias composições da dupla Luiz Cláudio Ramos/Mariozinho Rocha e por músicas creditadas à Brazuca. Após os dois discos gravados ao lado do grupo, Antonio lançaria mais um pela Philips, em 1972, e depois passaria a se dedicar à produção independente, gravando e distribuindo seus discos por conta própria, a partir do pioneiro selo Artezanal.

Tibério iniciaria uma parceria com o cantor e compositor Guilherme Lamounier - que geraria um disco solo de Guilherme pela Continental em 1973 e o sucesso "Cabeça feita", gravado pela banda carioca O Peso - e recentemente lançou um CD solo. E mesmo não aparecendo tanto na mídia, a usina de criações da dupla já chamou a atenção até de pessoas improváveis - pode perguntar ao punk Jello Biafra, que já andou citando Antonio Adolfo em entrevistas.

Texto retirado do blog | Sons Que Curto

1971 | ANTONIO ADOLFO E A BRAZUCA

01. Panorama
02. Cláudia
03. Tributo a Victor Manga
04. Pela cidade
05. Grilopus nº 1 (1ª parte)
06. Que se dane
07. Atenção, Atenção!
08. Cotidiano
09. Transamazônica
10. Cortando caminho
11. Grilopus nº 1 (2ª parte)
12. Caminhada