sábado, 2 de fevereiro de 2019

Lou Rawls


Eu sinto falta de olhar para a capa de um disco e pensar: queria ser esse cara. Na verdade eu acho que quase nunca passei por isso, mas quando encaro a capa de Soulin’, acima, só um pensamento vem à mente: eu queria ser Lou Rawls.

Não o Lou jazzista de Stormy Monday (1962), álbum de estreia do cantor lançado pela Blue Note, onde ele brilhava com o seu vocal potente acompanhado pelo piano de Les McCann.

Pois apesar de Lou estar sempre imprimindo o seu passado gospel/soul em todas as suas canções, Stormy Monday é um disco mais frio e cool, enquanto Soulin’, lançado em 1966, é bem mais, obviamente, soul e com ótimas pitadas de jazz à Frank Sinatra. O início com “A Whole Lotta Love” e o hit “Love Is a Hurtin’ Thing” vêm com um vocal rasgado o suficiente para nos afundarmos no sofrimento amoroso de Lou e talvez por isso “So Hard to Laugh, So Easy to Cry” e “You’re the One” aparecem logo na sequência com um Lou encarnando Sinatra novamente.

Um resumo do que nos aguarda no restante do álbum, pois Soulin’ é uma constante alternância desses dois Lous. Em “Don’t Explain”, de Billie Holiday, ele se mostra mais cool e no controle, e “On a Clear Day” só poderia ser descrita com uma valsinha pelas ruas congeladas de Nova York, enquanto em “What Now My Love”, apesar do clima big band, e em “Breaking My Back”, a última, ele volta a trazer o coração mais pra boca e a vontade de ser esse baixinho olhando para trás com um fundo rosa avermelhado só fica mais forte ao fim do álbum.

Texto | Denis Fujito

1966 | SOULIN'

01. A Whole Lotta Woman
02. Love Is A Hurtin' Thing
03. So Hard To Laugh, So Easy To Cry
04. You're The One
05. Don't Explain
06. What Now My Love
07. Memory Lane
08. Old Man's Memories (Monologue)
09. It Was A Very Good Year
10. Growing Old Gracefully (Monologue)
11. Old Folks
12. Autumn Leaves
13. On A Clear Day (You Can See Forever)
14. Breaking My Back (Instead Of Using My Mind)

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