terça-feira, 14 de agosto de 2018

Monterey International Pop Festival


A Explosão da Contracultura
Há 50 anos, o Verão do Amor marcava o apogeu do movimento hippie e mudava as regras do jogo no rock

Junho de 1967. Por um breve momento, a juventude parecia ter tomado conta do mundo ocidental. Naquele mês, tudo o que vinha sendo fermentado nos anos anteriores explodiu em São Francisco, Califórnia, em um fenômeno social que ficou conhecido como Verão do Amor. Cerca de 100 mil jovens rumaram até a cidade para se estabelecer na vizinhança do distrito de Haight-Ashbury. Foi um movimento espontâneo, com frentes em outras partes dos Estados Unidos e na Inglaterra. Os hippies traziam uma mensagem pacifista e a rejeição de um estilo de vida consumista. E, claro, se opunham aos horrores da Guerra do Vietnã.

Graças à sua herança cultural e posição geográfica privilegiada, em meio a belas praias e ao clima quente e iluminado, a Califórnia foi um local perfeito para o florescer da contracultura. Inspirados pelos ideais libertários e pelo estilo de vida propagado pela cultura beat, muitos jovens abandonaram a vida “convencional” e passaram a morar em comunidades onde tudo era compartilhado. Grupos organizados, como o Diggers, mantinham a ordem e cuidavam da assistência médica e da alimentação.

Não era apenas um modo alternativo de viver. Era também o retrato de uma efervescência cultural que iria mudar o panorama pop. Em 14 de janeiro de 1967, ocorreu o primeiro ponto alto desse processo, o Human Be-In, evento que juntou diversas tribos na Golden Gate, em São Francisco. Esse prelúdio do Verão do Amor reuniu cerca de 30 mil pessoas e juntou palestras, atividades culturais e shows. O mote inicial era protestar contra o decreto que bania o uso de LSD na Califórnia. As drogas lisérgicas eram uma das principais forças da contracultura e tinham como principal guru o doutor Timothy Leary, um ex-professor universitário que decidiu abandonar o sistema. Foi lá que ele entoou a célebre frase “Turn on, tune in, drop out” (algo como “fique ligado, entre de cabeça, caia fora”). Personalidades como o poeta beat Allen Ginsberg marcaram presença, além de diversos artistas que acabaram estabelecendo a cena musical de São Francisco, entre eles The Jefferson Airplane, The Grateful Dead e Janis Joplin & Big Brother and the Holding Company.

O Human Be-In causou um impacto tão grande que um novo evento foi marcado para o verão que se aproximava. Em maio, o cantor Scott McKenzie lançou a canção “San Francisco (Be Sure to Wear Flowers in Your Hair)”, escrita por John Philips, do grupo The Mamas and the Papas.
Era um convite sedutor, uma poderosa propaganda para o vindouro Verão do Amor. O single vendeu mais de 7 milhões de cópias e se tornou o hino definitivo da era hippie. Mas quando os Beatles lançaram Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, no dia 1º de junho, a contracultura ganhava mais do que um hino – ganhava uma declaração de princípios.

Como profetizou Scott McKenzie, uma quantidade surpreendente de jovens rumou a São Francisco e entupiu as ruas na região de Haight-Ashbury. Muitos deles também foram a eventos como o Fantasy Fair and Magic Mountain Music Festival e o Monterey Pop Festival, que marcou o ápice do Verão do Amor. O festival, realizado de 16 a 18 de junho, reuniu cerca de 60 mil pessoas e hoje é considerado o primeiro grande evento do tipo na história do rock. Vários ícones se consagraram lá, como Jimi Hendrix e The Who, que eram praticamente desconhecidos nos Estados Unidos. Janis Joplin e Otis Redding viraram superastros depois de Monterey. Filhos da cena local, como Jefferson Airplane e The Grateful Dead, também marcaram presença, além de hitmakers como The Mamas and the Papas, The Byrds, Bufallo Springfield, Johnny Rivers e The Association. Paralelamente, Ravi Shankar mostrou a força da música indiana. As memoráveis apresentações foram registradas em um filme homônimo dirigido por D.A. Pennebaker.

O flower power (“poder da flor”) se tornou palavra de ordem. Mas nem tudo era paz e solidariedade. Haight-Ashbury ficou pequena para tanta gente; houve uma explosão do abuso de drogas e da criminalidade. Quando junho terminou, muitos jovens voltaram para casa e São Francisco retornou, gradativamente, a uma certa normalidade. Independentemente disso, o que hoje é visto como apogeu hippie mudou a música, a moda, a cultura pop. Foi na esteira daquele momento que, inspirados pelos eventos ocorridos em São Francisco, Jann S. Wenner e Ralph Gleason criaram uma publicação chamada Rolling Stone. Não fosse o Verão do Amor, você não teria esta revista em mãos.

Texto | Paulo Cavalcanti


1967 | MONTEREY INTERNATIONAL POP MUSIC FESTIVAL

CD 1 | FRIDAY EVENING 16.06.1967

John Phillips
01. Festival Introduction
The Association
02. Along Comes Mary
03. Windy
Lou Rawls
04. Love Is A Hurtin' Thing
05. Dead End Street
06. Tobacco Road
07. Memphis
Eric Burdon & The Animals
08. Paint It Black
09. San Franciscan Nights
10. Ginhouse Blues
11. Hey Gyp
Simon & Garfunkel
12. Homeward Bound
13. At The Zoo
14. Feelin' Groovy
15. For Emily
16. Sounds Of Silence
17. Benedictus
18. Punky’s Dilemma

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CD 2 | SATURDAY AFTERNOON 17.06.1967

Canned Heat
01. Rollin' And Tumblin'
02. Dust My Broom
03. Bullfrog Blues
Big Brother & The Holding Company
04. Down On Me
05. Combination Of The Two
06. Harry
07. Road Block
08. Ball And Chain
Country Joe & The Fish
09. Not So Sweet Martha Lorraine
10. Fixin' To Die Rag
11. Please Don't Drop That H Bomb
12. Section 43
Al Kooper
13. (I Heard Her Say) Wake Me, Shake Me

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CD 3 | SATURDAY AFTERNOON 17.06.1967

The Butterfield Blues Band
01. Look Over Yonders Wall
02. Mystery Train
03. Born In Chicago
04. Double Trouble
05. Mary Ann
06. Droppin Out
07. One More Headache
Quicksilver Messenger Service
08. All I Ever Wanted To Do (Was To Love You)
The Steve Miller Band
09. Mercury Blues
The Electric Flag
10. Groovin Is Easy
11. Wine
12. Night Time Is The Right Time

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CD 4 | SATURDAY NIGHT 17.06.1967

Moby Grape
01. Tommy Smothers Introduction
02. Indifference
03. Mr Blues
04. Sittin' By The Window
05. Omaha
Hugh Masekela
06. Bajabula Bonke (Healing Song)
The Byrds
07. Renaissance Fair
08. Have You Seen Her Face
09. Hey Joe (Where You Gonna Go)
10. He Was A Friend Of Mine
11. Lady Friend
12. Chimes Of Freedom
13. So You Wanna Be A Rock & Roll Star
Laura Nyro
14. Wedding Song
15. Poverty Train

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CD 5 | SATURDAY NIGHT 17.06.1967

Jefferson Airplane
01. Somebody To Love
02. The Other Side Of This Life
03. White Rabbit
04. High Flying Bird
05. Today
06. She Has Funny Cars
07. Young Girl Sunday Blues
08. Ballad Of You, Me and Pooneil
Booker T & The MG's
09. Booker Loo
10. Hip Hug Her
11. Philly Dog
Otis Redding
12. Shake
13. Respect
14. I've Been Loving You Too Long
15. Satisfaction
16. Try A Little Tenderness

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CD 6 | SUNDAY AFTERNOON 18.06.1967

Ravi Shankar
01. Raga Bhimpalasi
02. Tabla Solo In Ektal
03. Dhun (Dadra and Fast Teental)

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CD 7 | SUNDAY NIGHT 18.06.1967

The Blues Project
01. The Flute Thing
Big Brother & The Holding Company
02. Combination of Two
Buffalo Springfield
03. Introduction
04. For What It's Worth
05. Nowday's Clancy Can't Even Sing
06. Rock & Roll Woman
07. Bluebird
The Who
08. Substitute
09. Summertime Blues
10. Pictures Of Lily
11. A Quick One While He's Away
12. Happy Jack
13. My Generation

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CD 8 | SUNDAY NIGHT 18.06.1967

Grateful Dead
01. Viola Lee Blues
02. Cold Rain and Snow
The Jimi Hendrix Experience
03. Killing Floor
04. Foxey Lady
05. Like A Rolling Stone
06. Rock Me Baby
07. Hey Joe
08. Can You See Me
09. The Wind Cries Mary
10. Purple Haze
11. Wild Thing

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CD 9 | SUNDAY NIGHT 18.06.1967

Scott McKenzie
01. San Francisco (Be Sure To Wear Flowers In Your Hair)
The Mamas & The Papas
02. Straight Shooter
03. Got A Feelin'
04. California Dreamin'
05. Spanish Harlem
06. Somebody Groovy
07. I Call Your Name
08. Monday, Monday
09. Dancing In The Street (Festival Finale)
10. (Outro) Instrumental

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